13 de dez. de 2014

Terapia com sanguessugas
As sanguessugas pertencem à família das minhocas (anelídeos). Existem mais de 300 tipos de sanguessugas, dos quais o Hirudomedicinalisé o mais conhecido.


Quando está faminta — isto é, quando é aplicada no doente — a sanguessuga pesa de um a três gramas e tem de quatro a oito centímetros de comprimento. Quando está satisfeito e repleto de sangue, o animal aumenta de quatro a cinco vezes o seu volume. Isso é possível, porque ele armazena grande quantidade de sangue em seu estômago, como provisão.

A sanguessuga tem um corpo chato, com um sugador em ambas as extremidades, para se prender. Sua cor é marrom escuro, até preto, e no meio das costas tem um risco esverdeado. Ela pode viver até 27 anos. O sangue assimilado pela sanguessuga, liqüefeito pela Hirudina, é digerido entre 5 e 18 meses, durante os quais ela não precisa de alimento.

Na terapia foi usada, e é utilizada ainda hoje com sucesso, para problemas do sistema venoso, onde existe excesso de sangue, onde existe congestão no tecido e para a rápida melhoria de um hematoma. Enquanto a terapia com sanguessugas era muito comum, hoje infelizmente é utilizada por pouquíssimos terapeutas e recusada por pacientes que sentem nojo.


Sanguessugas se fixam pelas extremidades, sugam até esgotarem sua capacidade e se soltam quando estiverem cheias de sangue.
O terapeuta pode colocar o animal exatamente no lugar onde deve realizar o seu trabalho benéfico; ali a sanguessuga se prende e não muda um centímetro de lugar, até estar gorda e cair sozinho numa vasilha.


A terapia com sanguessugas ajuda em casos de:

  • dores de cabeça e enxaqueca
  • sinusite
  • neuralgias
  • hematomas (a forma clássica de usá-los)
  • ulceras varicosas
  • pressão alta
  • asma e bronquite
  • inflamações e furúnculos
  • reumatismo, gota, artrite
  • herpes-Zoster
  • doenças por fungos
  • defesa imunológica enfraquecida
  • doenças do fígado
  • doenças do ouvido
  • depressão
  • problemas pós cirúrgicos
  • problemas na menopausa
Um pouco de história: 

Já nos documentos antigos de medicina da Índia existem, em sânscrito, trechos que descrevem detalhadamente a técnica do uso de sanguessugas.

Nikander de Colophon, que viveu de 200 a 130 antes de Cristo, foi o primeiro que na medicina grega aplicava sistematicamente as sanguessugas.

Na medicina árabe, as sanguessugas aparecem regularmente como terapias.

Nos séculos 17 e 18, as sanguessugas são mencionados e usados freqüentemente. O cirurgião de guerra, Pringle (1754), confirmou a utilidade da aplicação, de imediato, 6 a 7 s. nas têmporas em casos de meningite e febre acompanhada de congestão e dor de cabeça. O cirurgião mais famoso do exército prussiano recomendou, em 1776 a aplicação de 6 a 8 s. nas pálpebras, em caso de infecção grave nos olhos.

Uma descrição detalhada e sistemática do emprego de s., baseada em ampla experiência prática, encontramos na escola do médico alemão Hufeland (1762 – 1836). Para ele, as s. são um meio importante de combater todas as infecções agudas nos olhos, ouvidos, no cérebro, em casos de difteria, bem como em casos de infecção do pulmão, do fígado, da bexiga, do baço, do estômago, do intestino, dos rins, dos órgãos sexuais, das veias e articulações e até em casos de peritonite.
Na Rússia, Polônia, Romênia, França e o no Oriente, ainda são bastante usados, no início do século 20, pelos práticos e na medicina popular.

O médico, Dr. Kepelner, que trabalhava nos sanatórios de Mean e Marienbad, afirmou: “Recém-formado, trabalhei em pequenos hospitais da Polônia, onde presenciei tantos sucessos com a s., que essa terapia para mim se tornou óbvia. Fiquei admirado, ao trabalhar mais tarde em clínicas em Viena e Berlim, que essas medidas e seu efeito eram completamente desconhecidos. Presenciei como doenças — que como jovem médico via regularmente responder de forma excepcional a essa medidas simples — resistiam, nas clínicas, muitas vezes a todas as terapias modernas. Em minha clínica particular voltei, mais tarde, à essas medidas antigas.”

Em sua monografia “A Terapia com S” (1935), o DrBohenberg descreve o sucesso extraordinário em casos de tromboflebite, hemorróidas, nódulos linfáticos com pús, inflamações das amigdalas, otite média aguda e angina. Ele também conseguiu curar, com rapidez, grandes furúnculos e, por meio das s., além de casos de pericardite, pneumonia, infecção da vesícula, apendicite aguda, reumatismo e artrite.

Além disso, ele descreve casos de concussão cerebral, AVC, e , finalmente, a melhoria em casos de esclerose múltipla, de depressão, esquizofrenia e catatonia.

A aplicação das s. descrita pelo Dr. Bohenberg

A farmácia fornece, na Alemanha, as s. em um pequeno recipiente de gargalo amplo, com água fresca não clorada. Antes da aplicação, a água é trocada, o que torna as s. mais vivas. O local da aplicação é limpo com água e sabão, sendo contra-indicada a desinfecção com álcool, éter ou sabonete perfumado, pois nesse caso a s. não pega. É possível aplicar cada s. individualmente no local desejado, por meio de um copo de licor.

Quando a s. pegou, deixamos sugar até estar cheia e cair por si só. Desta forma, aumenta 4 a 5 vezes o seu volume, no decorrer de meia a uma hora. Para retirar a s. antes de ela cair, cobrimos com um pouco de sal. A s. suga aproximadamente 5 a8 g de sangue. Somando o volume de sangue que escorre após a caída da s., obtemos, para cada s., segundo o local do corpo, o triplo de sangue.
Não é aconselhável reutilizar a sanguessuga!

Muito importante para o efeito curativo é o sangramento da ferida após a queda da s. Segundo o estado do paciente, podemos deixar o sangramento continuar durante 4 a 12 hs (eventualmente ainda mais).

O ideal é colocar as ss. de manhã cedo e ficar controlando o paciente durante o dia, até mais tarde à noite — para evitar eventual colapso em pessoa muito fraca.

Cobrimos a mordida com algodão, que trocamos com freqüência.
A quantidade de ss varia de 1 a 20, segundo a doença, a localização, idade e o estado do doente.


Sanguessugas criados devem ser mantidos em aquários apropriados. Cuide para evitar a incidência de raios solares.
Contraindicações

Com toda razão, o Dr. Bohenberg desaconselha a aplicação de SS quando o doente é hemofílico, anêmico ou raquítico. Também aconselha muito cuidado quando o doente toma medicamentos que contenham mercúrio. Também quando existem gangrena do diabético e precárias condições de cicatrização, a aplicação da ss. é problemática.
Tirando a dor: um remédio antigo com nova aplicação
Há 10 anos, muitos médicos carregavam ss.em suas maletas. As ss. eram muito valiosas para controlar coágulos de sangue, porque a sua saliva contém um anticoagulante.


Hoje, normalmente, se usam medicamentos anticoagulantes, embora as vezes as ss. ainda sejam aplicadas em casos de coagulação pós-operatória. A saliva das ss. contém ainda outra substância que capacita o animal a extrair o máximo de sangue de seu hospedeiro — isto é, um anestésico.

Um grupo de cientistas na Universidade de Duisburg – Essen, na Alemanha, fez uma pesquisa para verificar se esse fator pode ajudar a aliviar a dor nas articulações afetadas por artrite. Escolheram 51 pessoas sofrendo de osteo-artrite do joelho. A metade dessas pessoas recebeu, duas vezes ao dia, o medicamento diclorofeno, aplicado no joelho. Os demais foram tratados com ss., aplicando quatro a seis ss. ao joelho, até se soltarem satisfeitas, após cerca de uma hora.

A terapia com ss. obteve resultado bem melhor e trouxe benefícios mais prolongados, ao reduzir a rigidez e melhorar a função da articulação. Isso ocorre provavelmente porque a saliva da s. — além de mitigar a dor — atua como agente antinflamatório.

Também existem documentos que descrevem a aplicação de ss. em casos de derrame (AVC). Nestes casos, ocorre um inchaço na caixa craniana que responde à s. devido ao seu efeito descongestionante. Tanto em casos de isquemia, como para pacientes com distúrbios do movimento e de fala, durante meses, a terapia com ss. provocou melhoria admirável. 
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Fontes: “Blutegel-Therapie — Den Körperentgiften” de Peter Pukownik, 1998
  “Technik der Konstituitioustherapie” de Bernard Aschner, 1995
  “The Economist”, novembro 15, 2003


Por: Alison Rodrigues


http://www.taps.org.br/Paginas/terartigo12.html

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